Bela, recatada e do lar! Me desculpem, tive que entrar na polêmica.

Não costumo abordar as polêmicas da política brasileira aqui no blog, até porque esse não é o objetivo desse espaço. No entanto, não pude me furtar ao tema que dominou as discussões de hoje nas redes sociais: a matéria da revista “Veja” sobre a esposa do vice-presidente da República, Marcela Temer, na qual ela foi descrita como “bela, recatada e do lar”.


O termo “quase primeira dama” cunhado pela reportagem parece deixar claro a posição da revista quanto ao possível impeachment da presidenta Dilma e consequente ascensão de Michel Temer ao cargo de presidente do país. Para a reportagem, isso é só uma questão de tempo.

Mas, não é sobre isso que quero falar. É inevitável a comparação entre o perfil de Marcela traçado pela reportagem e a personagem principal das Confissões de Uma Trintona Descolada”. Marcela, em alguns aspectos, parece ter conquistado o sonho de consumo das heroínas de um desses romances do Wattpad: tem um marido poderoso, rico, charmoso ( um tanto mais velho, é verdade!) e amoroso. Capaz de fechar um restaurante badalado para um jantar romântico com sua eleita. Quer mulher não quer isso? Marcela abriu mão do protagonismo profissional; preferiu ser “do lar”. O tempo que passa longe do marido, fica sob a proteção da mãe.

Já a Trintona Descolada não tem um príncipe encantado. Tem um marido, um amante, um namorado. Porque somente se relacionando com os três é capaz de viver o amor, em toda a sua plenitude. Ocupa uma posição de chefia em uma empresa. Exerce, ela própria, o poder, sem contudo, abdicar de seu papel de dona de casa. Não é “do lar”, mas, governa sua casa com propriedade.

Ambas, Marcela e a Trintona Descolada, vivem conforme suas escolhas. E estão realizadas. pelo menos, é o que mostra a reportagem de “Veja” e as linhas das Confissões. Ninguém ainda veio a público defender ou acusar a Trintona. Já Marcela ocupa as primeiras posições top trend do dia nas redes sociais: tem gente que acusa, tem gente que defende, tem gente que só aproveita para fazer uma piadinha.

Nesses nossos tempos os ânimos são acirrados, cada um defende sua posição como sendo a única possível e correta e as discussões beiram o radicalismo e as agressões gratuitas. Nunca o papel da mulher na sociedade foi tão debatido. Há os que levantam a bandeira do empoderamento feminimo e isso pode significar muitas coisas: desde a defesa da igualdade de salários entre homens e mulheres que ocupam funções equivalentes até a legalização do aborto.

Penso que seria mais adequado defender o direito de escolha: mulheres e homens deveriam ter, igualmente, o direito de fazer suas escolhas: ser do lar ou da rua; relacionar-se com um ou com vários parceiros; ser chefe ou ser subordinado, e assim por diante. Mas, para isso, seria preciso que o respeito fosse o principal atributo de qualquer tipo relação entre as pessoas.

Ah! Só mais uma coisa: quem assina a reportagem de Veja é uma mulher (Juliana Linhares)

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