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Sobre Covid-19 e capitalismo

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  BR 040, caminho de SL, 06 de julho de 2020. Segunda-feira. Boa parte das pessoas insistem em imprimir um ar de normalidade à vida durante a pandemia. Por diferentes razões, acreditam que a Covid-19 é uma ameaça distante, que trata-se de uma invenção daqueles que torcem pelo fracasso do governo de Bolsonaro.  Apesar das recomendações das autoridades de saúde e dos dispositivos legais que restringem a movimentação e aglomeração de pessoas, continuam fazendo suas festinhas, suas resenhas, comemorações. Os impactos econômicos da pandemia são gritantes. Milhares já perderam seus empregos ou tiveram sua renda reduzida. O amanhã é incerto, mas, sempre há o dinheiro para a cervejinha, a cachacinha… Um esforço tremendo é feito para se burlar a legislação e promover as festinhas clandestinas.  Não importa que pessoas estejam morrendo de Covid-19. Pessoas morrem por diferentes causas. Não importa o risco de superlotação nos sistemas de saúde. É preciso estabelecer a normalidade. Porque a vida j

Marco Territorial 51/95. Você sabe o que é isso?

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Ainda que você não seja um amante da leitura, possivelmente já ouviu falar de João Guimarães Rosa . Nascido em Cordisburgo, interior de Minas Gerais, no ano de 1908, Guimarães Rosa foi escritor e diplomata. Formado em medicina pela Faculdade de Medicina da Universidade de Minas Gerais em 1930, tornou-se capitão médico da Força Pública do Estado  de Minas Gerais. Em 1934 fez concurso para a carreira diplomática. Foi cônsul em Hamburgo, secretário da embaixada em Bogotá, além de representar o Brasil em conferências da UNESCO em Paris, dentre outras funções. Em 1929 publicou na revista “O Cruzeiro”, o conto “O Mistério de Highmore Hall”. Esse foi o início de uma profícua carreira literária. Em sua obra, Guimarães Rosa “fez uso do material de origem regional para uma interpretação mítica da realidade , através de símbolos e mitos de validade universal, a experiência humana meditada e recriada mediante uma revolução formal e estilística. Nessa tarefa de experimentação e recriação da li

A caminho de Curvelo

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O ônibus segue em velocidade moderada pela BR 135. Manhã de sol. À minha esquerda, uma parede de pés de eucalipto. Por trás dessa parede, um mar de pés de eucalipto. O controverso eucalipto. Quande eu era criança, e o tio Generoso tinha uma casa mais bonita do que a nossa, em cuja frente se estendia um extenso gramado, ele plantou dois pés de eucalipto na borda do tapete verde. Árvores de tronco liso, folhas estreitas e sempre verde, independente da estação do ano, cresceram numa velocidade bem acima da experimentada pelas árvores que conhecíamos até então.  Aquelas duas árvores esticadas para o céu, de certo modo, distinguiam o meu tio dos demais. Por muito tempo, apenas ele possuía eucaliptos no jardim. Nunca me perguntei como aquelas árvores tinham chegado ali. E por não ter tido a curiosidade de saber, esse continua sendo um dos mistérios que acumulo para decifrar, talvez, algum dia. Os exemplares que serviam de distinção para o meu tio carregava consigo algumas polêmicas. D

A inauguração da Fábrica de Manteiga e a visita da Banda

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Em primeiro de novembro de 1949 foi inaugurada na cidade de Santana de Pirapama, interior de Minas Gerais, a "importante fábrica de manteiga dos irmãos Palhares". O evento contou com um extenso programa que "foi executado fielmente e com grande entusiasmo" e contou com a presença de autoridades e "forasteiros de vários pontos do Estado." A participação da Banda de Música Euterpe Santa Luzia foi decisiva para abrilhantar ainda mais a festividade. A "aplaudida organização do Cedro" viajou até a nossa cidade a convite de dois pirapamenhos que, àquela altura, habitavam a vila do Cedro, surgida em torno da Fábrica do Cedro, a mais antiga fábrica de tecidos em atividade no nosso país e que integra a empresa Cedro Têxtil. Esses pirapamenhos, Jaime Joaquim Ribeiro e José Joaquim Ribeiro, deram origem à numerosa família Ribeiro, cujos membros, até hoje, ocupam posições de destaque na cidade de Caetanópolis. A inauguração da Fábrica de Manteiga Vi

Sobre o nome "Santana de Pirapama"

Lembro-me de, quando criança, ouvir as pessoas mais velhas dizerem “vou nas Traíras”, quando precisavam comparecer a uma consulta médica, fazer compras ou resolver qualquer pendência. Curiosa como qualquer criança, quis saber onde ficavam as Traíras e então me explicaram que esse era o nome antigo de nossa cidade. Aprendi também que esse nome se devia ao fato de lá, antigamente, ser o lar de gente brava.  A traíra é  um peixe que normalmente habita águas paradas, em lagos, lagoas, remansos. Costuma se situar próxima aos barrancos cobertos com vegetação, à espreita de suas presas. Sim, a traíra é um peixe carnívoro! Sua dieta é composta de peixes menores, rãs e insetos. Possui dentes poderosos e afiadíssimos, daí carregar o epíteto de “peixe bravo” Mais tarde, aprendi na escola que a palavra “PIRAPAMA” significa “peixe bravo”. De origem indígena, essa palavra é composta de outras duas: pira=peixe, pama=bravo. Só agora, em minhas pesquisas, descobri que nossa terra recebeu e

Por que 70 anos de jubileu em Pirapama?

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A palavra jubileu é utilizada para designar o quinquagésimo aniversário de casamento ou do exercício de uma função- por exemplo: jubileu sacerdotal, jubileu de magistério etc, ou ainda de uma instituição ou empresa. Tem sua origem no latim   iubilum que  significa “grande alegria”. O termo iubilum tanto era usado para designar o grito de guerra ou de vitória quanto o cântico de alegria nas celebrações religiosas.  Na lei judaica, o jubileu é o “ano seguinte a uma ‘semana de semanas’ de anos. Assim como o sábado é o descanso semanal das pessoas e dos animais, a terra também tem o seu sábado: seis anos são para a semeadura, mas o sétimo ano é de descanso. Após sete períodos de sete anos, o quinquagésimo ano é santificado - este é o ano do jubileu.” Para o catolicismo o Ano Jubilar acontece a cada 25 anos ou extraordinariamente, conforme a necessidade, e representa uma oportunidade de conversão. Na ocasião, os católicos são chamados ao arrependimento e à penitência, através de cel

A chegada do Intendente

Instalado o município de Santana de Pirapama em 1º de janeiro de 1949, algumas providências deveriam ser logo tomadas para a efetivação do poder público municipal. Um intendente foi nomeado pelo governo do Estado de Minas Gerais para exercer o poder executivo municipal até que se instalasse a Câmara municipal e fossem nomeados um prefeito e um vice-prefeito.  A chegada desse intendente à nossa cidade também foi noticiada na Gazeta de Paraopeba: Intendente municipal  No dia 7 deste aqui chegou sendo recebido festivamente, com música, fogos e discursos o nosso Intendente Municipal — o Exmo. sr. dr. Lucretius Rosenbürg, figura de projeção e cidadão possuidor de ótimas qualidades. Ao seu encontro foi uma comitiva que o recebeu à entrada do município. À sua chegada falou em nome do povo, o farmacêutico Geraldo Ávila, que lhe deu as boas vindas. Também usaram da palavra o vigário pe. Roque e o revmo. pe. Júlio Gomes. Ao receber as chaves da Prefeitura o sr. Intendente, pediu a