Marco Territorial 51/95. Você sabe o que é isso?

Ainda que você não seja um amante da leitura, possivelmente já ouviu falar de João Guimarães Rosa. Nascido em Cordisburgo, interior de Minas Gerais, no ano de 1908, Guimarães Rosa foi escritor e diplomata. Formado em medicina pela Faculdade de Medicina da Universidade de Minas Gerais em 1930, tornou-se capitão médico da Força Pública do Estado  de Minas Gerais. Em 1934 fez concurso para a carreira diplomática. Foi cônsul em Hamburgo, secretário da embaixada em Bogotá, além de representar o Brasil em conferências da UNESCO em Paris, dentre outras funções.

Em 1929 publicou na revista “O Cruzeiro”, o conto “O Mistério de Highmore Hall”. Esse foi o início de uma profícua carreira literária. Em sua obra, Guimarães Rosa “fez uso do material de origem regional para uma interpretação mítica da realidade, através de símbolos e mitos de validade universal, a experiência humana meditada e recriada mediante uma revolução formal e estilística. Nessa tarefa de experimentação e recriação da linguagem, usou de todos os recursos, desde a invenção de vocábulos, por vários processos, até arcaísmos e palavras populares, invenções semânticas e sintáticas, de tudo resultando uma linguagem que não se acomoda à realidade, mas que se torna um instrumento de captação da mesma, ou de sua recriação, segundo as necessidades do ‘mundo’ do escritor.”(trecho da biografia do escritor no site da Academia Brasileira de Letras).
Marco Territorial nº 51 do Museu Casa Guimarães Rosa, em Curvelo-MG


A casa onde o escritor nasceu e viveu até os nove anos, na cidade de Cordisburgo, foi transformada no Museu Casa Guimarães Rosa, com um rico acervo sobre  sua vida e obra: fotos, documentos textuais, a coleção de gravatas borboletas… O próprio prédio é um importante componente desse acervo, uma vez que mantém as características originais e teve alguns ambientes- a cozinha, por exemplo, recriados. Também foi recriada a venda de seu Fulô, pai de Guimarães Rosa, que dedicou sua vida ao comércio no local. 

João Guimarães Rosa situou sua literatura no interior de Minas Gerais. Em Araçá- hoje Araçaí, por exemplo, está a Fazenda São Francisco, ponto de chegada da viagem de Guimarães Rosa em 1952, acompanhando a boiada conduzida por um de seus personagens mais conhecidos, Manuelzão. Curvelo, “município-mãe do sertão roseano”, é a terra do Dr. José Lourenço, personagem de “Campo Geral”, que leva Miguilim para lá cuidar da vista e estudar. Lassance é o lugar onde Diadorim nasceu e passou parte da infância, e assim por diante.

No ano de 2012, uma parceria entre dois geógrafos, o alemão radicado no Brasil Dieter Heidmann  e o brasileiro Ewerton Talpo resultou em um mapeamento dos principais locais citados na obra do escritor e na elaboração de um guia para viajantes, que está impresso na parede do Museu Casa Guimarães Rosa. Este guia contempla 95 localidades, sendo 40 destas em Cordisburgo e as outras 95 espalhadas por 15 municípios: Araçaí, Santana de Pirapama, Curvelo, Felixlândia, Inimutaba, Presidente Juscelino, Morro da Garça, Corinto, Três Marias, Lassance, Augusto de Lima, Várzea da Palma, Itacambira, Urucuia e Chapada Gaúcha. São os chamados Marcos Territoriais do Museu Casa Guimarães Rosa, que “sinalizam 95 referências geográficas em Minas Gerais, que inspiram e estão presentes na obra , trecho de entrevistas, notas pessoais e discursos do escritor”.

Na cidade de Curvelo, em frente ao prédio onde está instalado o Acervo Municipal Newton Correa, encontra-se o Marco Territorial número 51 - “Curvelo/sede do município”. 

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