Emoção em mais um concerto da Euterpe Santa Luzia

No último dia 18, sexta-feira, aconteceu no Clube Social de Caetanópolis, o tradicional concerto de aniversário da Banda de Música Euterpe Santa Luzia. Foi também o último concerto regido pelo Maestro Valdomi Carneiro do Nascimento. Maestro assim mesmo com M maiúsculo dada a sua importância para a história da banda na qual permaneceu nos últimos vinte anos.



Nascimento, com suas aulas de Teoria Musical formou várias gerações de músicos, muitos dos quais têm brilhado em orquestras de todo o país. Outro tanto formaram-se em universidades como a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Universidade do Estado de Minas Gerais, dentre outros e atuam como professores. Era visível a emoção do Maestro e de seus alunos nesse último concerto.


Lembro-me do primeiro concerto de aniversário da banda a que compareci. Como morava perto e estava acostumada a viver em cidades na qual os bons programas culturais não fazem tanto sucesso deixei para chegar em cima da hora. Qual não foi minha surpresa ao encontrar o recinto lotado! Tive que ver a apresentação de pé e olha que o espaço era grande! Todos os lugares já estavam ocupados e muita gente, como eu, não encontrou lugar para sentar.

No entanto, as quase duas horas de duração do concerto passaram “voando”. Nem deu para cansar de ficar em pé tal foi a qualidade das apresentações. Um clima festivo tomava conta do lugar e alguns casais se arriscavam a dançar as valsas tão lindamente executadas pela banda. Muitas delas de autoria dos próprios músicos. Desde então, passei a chegar bem mais cedo. E garantir um lugar bem próximo dos músicos.

Eu me surpreendi quando cheguei a Caetanópolis para morar, ao encontrar aqui uma escola de música de qualidade e gratuita. E me surpreendi ainda mais ao descobrir que essa escola (e a banda de música) eram mantidas por uma empresa privada: a Companhia de Tecidos Cedro Cachoeira, hoje chamada Cedro Têxtil.

A Banda de Música Euterpe Santa Luzia foi criada por uma gerente da empresa, o Sr. Antonino Pinto Mascarenhas em 1917, com o objetivo de entreter os operários e suas famílias (muitos deles moradores da vila operária situada ao redor da fábrica e que daria origem à cidade de Caetanópolis) nas tardes de domingo.  Na verdade, a criação da banda juntamente com outras ações como a criação de um time de futebol e construção de um estádio, a distribuição de cartilhas, dentre outros, sinalizam a adoção de ideias do movimento higienista, tão comum nos grandes centros urbanos nas primeiras décadas do século XX. Mas, isso é assunto para outro post.

Em todos esses anos frequentando os concertos da banda alguns aspectos me chamam muito a atenção: a atenção (e concentração) do público durante as execuções das músicas; o aplauso entusiasmado; a espera por mais uma música (o povo não deixa seus lugares) quando acaba o concerto; o agradecimento à família Catarino, na pessoa da Sra. Nice Catarino, pelo envio do buquê de flores à banda por ocasião de seu aniversário.... Nesses anos todos ela jamais se esqueceu de enviar.

A crise econômica aguda por que passa o nosso país fez com que se tornasse inviável a manutenção da banda pela empresa Cedro Têxtil. A população da cidade sofreu diante da possibilidade da suspensão de suas atividades. Felizmente, a Prefeitura Municipal assumiu o compromisso de apoiar as atividades da banda, garantindo assim a continuidade da sua presença nas procissões e em outros eventos culturais da cidade. Ainda bem!


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