Folia de Reis no interior de Minas Gerais - 2ª parte
Nessa segunda parte continuamos a narrar uma janta de folia tal como costuma acontecer em localidades do município de Santana de Pirapama, interior do estado de Minas Gerais.
Se na casa tem presépio o canto do “Grande Dia” é
interrompido em três momentos para que os representantes dos Reis Magos recitem
“a Viagem”. Trata-se da narração de um trecho das escrituras sagradas.
Terminado essa etapa o alferes
(dono da casa) abre a porta e é cumprimentado pelos foliões:
“Deus te salve, São José
Deus te salve, o Menino nasceu.
Deus te salve, o alferes
Que no palácio nos recebeu.”
Ou ainda,
“Deus te salve, São José
Deus te salve, Virgem Maria
Deus te salve, oh! Alferes
Com toda sua família”
E inicia-se a cerimônia do presépio.
Presépio Típico |
Outro presépio típico (mais moderno, com luzes pisca-pisca) |
O representante dos Rei Melchior
faz a sua saudação à estrela, segue um trecho de música. Em seguida, os
representantes dos Reis Gaspar e Baltazar respectivamente fazem suas saudações
à estrela, sendo que após cada saudação, a folia canta alguns versos. Enquanto fazem
a sua saudação os guardas-mores (representantes dos reis) se dirigem ao
presépio (também chamado desse instante de lapinha). Cada guarda-mor convida o
seguinte e o último convida o restante dos foliões (cantores, instrumentistas)
também chamado de “corpo pastor”. Chegados todos à lapinha, os três guardas-mores
fazem a adoração do presépio, sempre seguidos de música.
Terminada a cerimônia do
presépio, toca-se uma marcha, para a saída da lapinha; todos se dirigem a outro
aposento onde prossegue a cantoria. São feitos pedidos de versos para várias
intenções: do alferes, da rica-dona (dona da casa), dos parentes, dos amigos,
dos convidados, etc... Quanto mais devoto (ou entusiasmado) for o Alferes, mais
versos serão pedidos.
Em algum momento são pedidos
votos para os falecidos. Falecidos da família do Alferes e da própria companhia
(o grupo de foliões também é chamado companhia). Cada vez que se termina de
cantar um verso, um dos guardas-mores solicita a todos que o ajudem a rezar um
Pai-Nosso por intenção daquela alma. Quando o falecido é uma criança, é chamado
“anjinho” e a oração solicitada é a Ave-Maria.
Durante o canto para falecidos os guardas-mores ficam ajoelhados, sendo que um deles segura uma vela acesa. As bengalas ficam em repouso e pouca ou nenhuma percussão é utilizada.
Um dos momentos mais aguardados é
o da dança do lundum. É a oportunidade de os guardas-mores demonstrarem toda
sua habilidade e criatividade na dança. O Alferes pede a dança, o guarda-mor
finge um mal-estar só para não dançar. Mas, sempre se dança.
Continua em outro post
Muito bom. Obrigado pela postagem.
ResponderExcluirEsperamos sua visita aqui em Desemboque MG no dia 21 de Agosto de 2016 no Encontro de folia de Reis.
Que bom que gostou, Ivo Resende. Farei o possível para comparecer.
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