Estamos em crise. E agora?
Pessoas
passam às dezenas. Algumas, apressadas, se dirigem a um restaurante específico.
Outras correm os olhos nos cardápios dispostos ao longo do corredor, bem à
altura dos olhos. O pai, com a sacola das Lojas Americanas em uma das mãos empurra
a filhinha loura: “toca a achar uma mesa desocupada! ”. Se bem que, nesses
tempos de crise, o que não faltam são mesas livres! Quanta diferença entre maio
e agora! Em apenas quatro meses o cenário mudou radicalmente. No caminho para
cá já percebia: os outdoors chamativos
foram trocados por plaquinhas mais discretas. E nessas, o texto também é outro:
“vende-se”, “aluga-se”. São inúmeras as portas fechadas.
Os
restaurantes do último piso, mais sofisticados, por tanto, mais caros, andam
menos frequentados agora. Não há filas, nem mesmo nos fast foods. E olha que estamos no horário de pico!
Pelos
corredores do Shopping Center as raras
pessoas olham. E só. As vitrines continuam intactas. Pouca gente entra e
experimenta alguma peça.
Pois
é. Seria o fim da tão propalada ascensão da classe C? O povo passou a “andar de avião”, comprou o
carro a prestação e deixou de usar o transporte público, aumentou a quantidade
de itens em sua lista de compras... E agora? Conseguirá manter esse novo “padrão
de consumo”?
Se bem
que houveram aqueles que souberam aproveitar a onda. Crendo que era só isso
mesmo: uma onda, por tanto, passageira, se prepararam para seu fim. Estudaram
e, por isso, conseguiram um emprego melhor. Trocaram a prestação do carro pela
prestação da casa própria. Esses sofrem com a crise, porém, não com mesma
intensidade da maioria. Por mais adverso que seja o cenário, sempre haverá
alguma oportunidade.
E quem
estará apto para enxergá-la?
Quem
souber usar as informações (que são abundantes nos dias atuais) a seu favor;
quem se dispuser a investir (dinheiro, mas, principalmente tempo) na própria
formação; quem tiver a disciplina necessária para abrir mão de um consumo
imediato para reservar recursos (ainda que mínimos).
O que
comprova que com crise ou sem crise sempre é necessário se desenvolver uma
visão de longo prazo; “pensar no dia de amanhã”. É certo que o desempenho
econômico do país depende das políticas adotadas pelo governo, da economia
global, do ambiente político mundial, enfim, de uma série de fatores que fogem
ao controle do cidadão comum. Mas, também é certo, que cada indivíduo tem papel
relevante na construção da prosperidade da sociedade.
O pai da menininha loira
pode até não saber, mas, a sua decisão de ocupar a mesa vazia da praça de
alimentação, a escolha que está prestes a fazer de em qual restaurante pedir o
seu prato tem implicações em cadeia por vários setores da economia do país.
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